Hospital Aquiles Lisboa desenvolve atividades alusivas ao Janeiro Roxo

A abertura da programação do ‘Janeiro Roxo’ do Hospital Aquiles Lisboa, unidade referência no tratamento de hanseníase da Secretaria de Estado da Saúde (SES), contou com palestras informativas e oficinas de confecção de artesanato e pintura, através do Grupo de Autocuidados. As atividades visam combater o preconceito e auxiliar na autoestima dos pacientes com diagnóstico positivo para a doença.

As ações desenvolvidas com pacientes e cuidadores de pessoas atendidas na unidade levam informação sobre o autocuidado e estimula a adesão a estas práticas. As atividades também estimulam a superação, trocas de experiências e proporcionam melhor qualidade de vida.

“Para essas pessoas que passam pelo tratamento de hanseníase, o grupo entra como papel de construção, de algo simples, mas com um grande valor sentimental. Isso contribui principalmente no sentido de socialização, em que o serviço envolve outras pessoas também, e no sentido de simbolização de algo que é produzido pelo próprio paciente. Este é o principal objetivo do grupo de autocuidados”, afirmou o diretor da unidade, Raul Fagner.

A escolha da Oficina de Confecção de Artesanato para os pacientes se deve aos resultados físicos e emocionais obtidos, funcionando como uma prática terapêutica. A atividade permite ao paciente um olhar sobre si mesmo, um estímulo para que as limitações físicas – efeitos da doença – não retirem dele a consciência sobre a capacidade de desenvolver ações cotidianas e/ou atividades como dança e trabalhos manuais, por exemplo.

De acordo com a terapeuta ocupacional Maria Ivonete dos Santos, o trabalho além de orientar sobre o tratamento, também serve para conscientizar as pessoas e os próprios pacientes, que se tratada corretamente, a doença não será transmitida. “Esse grupo de autocuidado vai trabalhar essa conscientização com os pacientes e com seus familiares, como forma de fazer com que se tratem corretamente e que sejam inseridos no contexto social sem distinção por serem portadores da doença”, explicou.

O aposentado José Mariano Malhão, de 84 anos, foi diagnosticado com a doença em 2013, passou por tratamento durante dois anos e segue com o acompanhamento especial de autocuidados regularmente. “Acompanhamos o paciente até o momento da alta, pois ele pode ter reações, que podem aparecer até dez anos depois. Exatamente por isso encaminhamos eles para as oficinas de autoajuda, a fim de que ele entenda melhor as reações e se cuide melhor. No caso do seu José, ele obteve o diagnóstico tardio, por isso teve sequelas graves como a amputação dos dedos da mão e de parte da perna esquerda. Hoje ele mora conosco, pois os familiares dele o rejeitaram”, concluiu a terapeuta.

Segundo a médica sanitarista Dilma Rocha, especialista em hanseniologia, quando a doença não é tratada, pode ser transmitida por vias respiratórias, através da tosse e espirro. ‘‘Trabalhamos dando ênfase ao diagnóstico precoce porque se trata de uma doença dermatoneurológica, ou seja, além de atingir a pele, atinge também terminações nervosas, em alguns casos até troncos nervosos. O que pode gerar uma incapacidade física. Para evitar isso, trabalhamos com a população a divulgação dos sinais mais precoces da doença para que ao observarem procurem uma unidade de saúde’’, destacou.

Todos os participantes do encontro receberam um kit de autocuidado contendo material de higiene pessoal, creme dental, sabonete, cremes, uma toalha de rosto.

A doença

As principais características da hanseníase são:

– Aparecimento de manchas embranquecidas, avermelhadas ou marrons na pele;
– Diminuição da sensibilidade ao calor ou dor;
– Caroços e inchaços pelo corpo;
– Dor e sensação de choque;
– Áreas com diminuição dos pelos e do suor;
– Engrossamento do nervo que passa no cotovelo, levando à perda da sensibilidade ou diminuição da força no 5° dedo;
– Cortar-se ou queimar-se sem sentir dor.

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