Carlos Madeira é o terceiro a desistir da disputa pela prefeitura de São Luís

Há exatos 39 dias para as eleições, Carlos Madeira (solidariedade) desiste da corrida eleitoral. O ex-juiz anunciou sua saída da disputa pela prefeitura de São Luís nesta quarta-feira (7), através de uma carta que relata o motivo de sua decisão.

Carlos Madeira se recupera de sequelas deixadas pelo novo Coronavírus, em que foi recentemente liberado pela junta médica para voltar com as ações de campanha. Mas a intensidade dos trabalhos, com caminhadas, reuniões e entrevistas diárias, fizeram com que Madeira desistisse da disputa.

Além do ex-juiz, Detinha e Adriano Sarney (PV) haviam desistido de disputar a prefeitura. Wellington do Curso foi forçado a sair por decisão do partido, que anunciou apoio a Eduardo Braide (Podemos). Rubens Júnior foi substituído em ações presenciais pelo presidente do partido Márcio Jerry (PCdoB), o vice da chapa Honorato Fernandes (PT) e a senadora Eliziane Gama (PP)

Agora testam 10 candidatos a prefeito de São Luís.

Será que o número se sustenta até o pleito, ou teremos novas surpresas?

Veja a carta na íntegra
CARTA AO POVO DE SÃO LUÍS

A convite de amigos, e por sugestão de pessoas simples, representantes da periferia e da zona rural, decidi aceitar o desafio de concorrer à Prefeitura de São Luís nas eleições de 2020. Trouxe comigo as minhas origens, a história de vida, a minha biografia e o desejo de trabalhar ainda mais pela nossa cidade.

Os caminhos que percorri nesses meses de pré-campanha e os primeiros dias de candidatura oficializada não foram fáceis, porque, ao lado de um time de pessoas sérias, éticas, combativas e independentes, compreendi que a luta só valeria a pena se todos abraçassem um projeto de mudança efetiva para São Luís, com uma arrojada pauta de justiça social para todas as áreas da administração municipal.

A pré-campanha foi interrompida ainda no início, por quase três meses, com as restrições decorrentes da pandemia. E no meio do caminho, antes mesmo da nossa convenção partidária, fui alcançado pela Covid-19.

Fiquei por duas semanas em isolamento, cumprindo a quarentena até receber a confirmação de que a carga viral estava zerada. Perdi cerca de oito quilos em 12 dias de hospital. Mesmo frágil físicamente, tomei a decisão deretomar os compromissos de campanha em respeito ao povo, ao partido Solidariedade e à nossa militância.  

Não sabia que o pior ainda estava por vir. Dia após dia a fadiga foi me consumindo e comprometendo a minha fala e o meu raciocínio. Só depois fui informado pelo médico que acompanha o meu caso, Dr. Serafim Gomes de Sá, de que a minha dificuldade respiratória era apenas mais uma das muitas consequências possíveis do coronavírus, aquilo que a ciência está chamando agora de Síndrome pós-Covid.

Quem conhece a minha história sabe que jamais me esquivei de responsabilidades. Mas, aconselhado pela minha esposa, pelos meus filhos e por médicos que acompanham o meu caso clínico, e em nome da minha saúde, tive que tomar uma das decisões mais difíceis da minha vida: abrir mão de um projeto que hoje reputo coletivo, porque não é mais do Madeira, mas de tantas e tantas pessoas espalhadas pelos bairros e pela zona rural dessa cidade que tanto amo.

Informo, portanto, que hoje retiro a minha candidatura a prefeito de São Luís, por não ter condições físicas de dar continuidade à intensa agenda de compromissos que eu, antes de qualquer outro candidato, fiz questão de não apenas assumir, mas de registrar publicamente em cartório.

Chego até aqui sem qualquer decepção ou mágoa, mas commuita gratidão aos meus familiares e tantos amigos. Agradeço o apoio de todos que trabalharam comigo até agoraequipe de coordenação, militância e candidatos a vereador. Agradeço a compreensão dos nossos eleitores, sobretudo. Agradeço ao Capitão Jeremias, meu companheiro de chapa, pela caminhada leal e destemida.

Agradeço ao meu partido, o Solidariedade, pela acolhida e pelas trincheiras de luta que conseguimos erguer, juntos, em tão pouco tempo. Continuarei na política, como presidente do diretório municipal de São Luís, e no momento oportuno reiniciarei minha jornada partidária na busca permanente pordias melhores para o nosso povo. Porque, como Martin Luther King, continuo acreditando que “pior que o grito dos maus é o silêncio dos bons”.

Como aprendizado, levo para a vida a lição de que, para recuar de uma batalha, é preciso antes de tudo ter humildade e sabedoria para reconhecer os riscos. Faço opção por cuidar da minha saúde. E, se puder oferecer apenas um conselho, direi a todos: cuidem-se! O vírus ainda está no nosso meio e as sequelas da Covid-19 são imprevisíveis. Que Deus nos proteja!

São Luís, 7 de outubro de 2020.

José Carlos do Vale Madeira

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