A luta histórica das quebradeiras de coco pelo direito do livre acesso aos babaçuais, pela preservação dessas áreas, melhores condições de trabalho e remuneração foram tratadas peloprograma ‘Contraplano’ desta terça-feira (14), na TV Assembleia. Os convidados foram a coordenadora do Movimento Interestadual de Quebradeiras de Coco Babaçu (MIQCB), Maria de Jesus Macedo; a superintendente de Biodiversidade, Povos e Comunidades Tadicionais da SAF, Silvane Magali; e a líder dos Projetos de Alimento com Babaçu da Embrapa, Guilhermina Cayres.
No programa, Maria de Jesus Macedo fez um resgate histórico e relembrou os anos 1990, época em que o país viu se fortalecer a resistência das quebradeiras de coco. “Foi um tempo de muito conflito no Maranhão,que ainda hoje é, e as quebradeiras ali estavam”, ressaltou, lembrando que a atividade é herança dos antepassados.
No período, as quebradeiras foram resistindo, se fortalecendo, e lutando pelo babaçu. “A gente foi se reunindo, se articulando nos seus grupos de estudos. Aí, depois de muita discussão, muita articulação, fundamos o movimento das quebradeiras de coco em 1991, observou.
Silvane Magali, da Secetaria de Estado de Agricultura Familiar, destacou a impotrância da articulação de um segmento para aformatação de políticas públicas,até porque a extração do coco babaçu é a terceira maior força produtiva do Maranhão, perdendo apenas para a pecuária e a agricultura.
“O importante é o processo organizativo, porque para romper a cadeia de exploração, da produção e da comercialização, precisava desse olhar do Estado. Então, a resistência é da sociedade civil, mas a resposta a essa organização, a essa demanda deve ser do Estado, nas três esferas”, declarou.
E complementou: “Desde o início, o movimento de quebradeiras de coco sempre dialogou com o Estado,entre avanços e recuos, dependendo da conjuntura, sempre dialogou. Sempre teve essa relação de perceber o Estado como responsável para responder as suas demandas. E é isso que a SAF busca fazer, é ouvir, é ter o olhar atento”.
Desafios
A líder dos Projetos de Alimento com Babaçu da Embrapa, Guilhermina Cayres, declarou que é dificil definir o quantitativo das quebradeiras de coco no Maranhão e em outros estados. O dado usado até hoje data da década de 1990, que é de 300 mil. Relatou que pesquisa de estudioso do Pará aponta decréscimo de pessoas exercendo a atividade, com estimativa de 100 mil pessoas na atualidade.
Ela destacou uma das linhas de atuação da Embrapa no estado. “Desenvolver novos produtos alimentícios, novos processo alimentícios à base de babaçu com as quebradeiras de coco. A gente deiaxa de atuar nessa forma mais tradicional da pesquisa, de trabalhar para pessoas e passa a desenvolver produtos, tecnologias sociais com pessoas, no caso, as quebradeiras”, observou.
Ela destacou que ainda são muitos os desafios a serem vencidos, como o engajamento dos jovens nessa cadeia. Mas, por meoi do fomento a uma rede de instituições, de organizações da sociedade civil, é possível superar essa imagem do babaçu associada à pobreza, à miséria, a sofrimenoto.
“O babaçu, uma espécie dasociobiodiversidade, que é capaz, sim, de gerar renda, gerar valor e, mais que isso, fortalecer a identidade social e cultural do Maranhão”,assinalou.
O programa ‘Contraplano’ tem apresentação do jornalista Fábio Cabral e é exibido todas as terças-feiras, às 15h, pela TV Assembleia (canal aberto digital.9.2; Max TV, canal 17; e Sky, canal 309).