Morre coordenador do IEMA Estaleiro Escola

O engenheiro mineiro radicado no Maranhão Luiz Phelipe Andrés morreu na noite deste sábado (04) aos 72 anos, vítima de leucemia.

Luiz Phelipe foi coordenador por 27 anos do Programa de Preservação e Revitalização do Centro Histórico de São Luís e também criador o criador do Estaleiro Escola do Sítio Tamancão, onde hoje funciona Instituto Estadual de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão (IEMA).

Luis Phelipe será velado na Academia Maranhense de Letras e seu corpo será cremado.

Por meio de suas redes sociais, o governador Flávio Dino anunciou que o IEMA Estaleiro-Escola passará a ter o seu nome, mediante decreto que será assinado amanhã (6).

Prazo para selecionar imóveis no programa Aluguel no Centro é prorrogado

Habilitados no edital do programa Aluguel no Centro terão mais tempo para fazer a seleção dos imóveis credenciados. O prazo, que encerraria neste sábado (15), foi prorrogado até quinta-feira (20). O Aluguel no Centro incentiva a habitação, facilita a locação e beneficia os interessados na moradia no Centro Histórico de São Luís.

A duração do benefício pode ser de até cinco anos, com a possibilidade de ampliação, mas os contratos serão assinados anualmente e dependerão, por exemplo, da comprovação de adimplência.

O projeto é voltado para servidores públicos das esferas federal, estadual e municipal (de São Luís), comerciantes com CNPJ ativo e regular, MEI, aposentados, pensionistas e trabalhadores com carteira assinada. O sorteio dos imóveis do Aluguel no Centro está previsto para o dia 24 de maio.

Centro Histórico de São Luís repaginado com medidas infraestruturais

O Centro Histórico de São Luís possui um conjunto arquitetônico com aproximadamente quatro mil imóveis, dos séculos XVII, XVIII e XIX. Cenário que fascina maranhenses e turistas pela memória viva que está impressa nos antigos casarões e sobrados.

Para preservar esse acervo, o Governo do Maranhão realiza obras de reforma e revitalização dos imóveis na região secular. Destaque para o programa Nosso Centro, que garante desenvolvimento sustentável, conservação, movimentação econômica e valorização da história da capital.

Na lista, a revitalização do Edifício João Goulart, do prédio da Reffsa, construção da Praça dos Poetas, entrega do novo prédio da Jucema, do Museu de Artes Visuais e Museu Cafua das Mercês. Projetos como o Cores da Cidade estão propiciando nova pintura e melhoramento da fachada de 31 imóveis,

O projeto Aluguel no Centro concede o pagamento de 80% do aluguel de moradias históricas, que estejam em condições de habitação na região do Centro Histórico de São Luís. Inscrições de interessados podem ser realizadas no site aluguelnocentro.ma.gov.br.

NOVIDADES

Outras obras estão em curso. O IEMA Gastronomia e o Shopping Rua Grande estão com obras aceleradas. A primeira unidade do Instituto de Educação Ciência e Tecnologia do Maranhão (IEMA) voltado para a Gastronomia está sendo implantado no Centro Histórico. A nova unidade IEMA funcionará como restaurante escola: os alunos terão aulas práticas e serão produzidas refeições no restaurante que funcionará no andar térreo do prédio.

Em julho, o Shopping Rua Grande vai oferecer conforto e a segurança de um shopping convencional, ao mesmo tempo em que terá um andar especial dedicado para a difusão da cultura maranhense. A obra está sendo arquitetada por uma equipe de profissionais qualificados e por meio de incentivo do Programa Adote um Casarão, do Governo do Maranhão.

O programa Adote o Casarão disponibiliza, por meio de editais, imóveis pertencentes ao Governo do Maranhão, no Centro Histórico de São Luís, que estejam sendo subutilizados ou estejam vazios. O adotante, em contrapartida, deve revitalizar e manter o imóvel e fazer uso exclusivo para as atividades indicadas no contrato.

O rei protestante Henrique IV e a fundação de São Luís

Antônio Noberto

Uma homenagem aos 500 anos da Reforma protestante

*Por Antonio Noberto

São Luís nasceu como a capital da sonhada França Equinocial, empreendimento francês no norte do Brasil que objetivava colonizar um terço ou metade do território brasileiro atual, sendo do Ceará ao Amazonas. O ousado projeto colonizatório junto à Linha Equinocial (a Linha do Equador) contava com a simpatia e incentivo de ninguém menos que o rei protestante Henrique IV de Navarra, o chefe da dinastia dos huguenotes, que só assumiu o trono francês após abjurar o protestantismo e se declarar católico, ocasião em que proferiu a famosa frase “Paris vale mais uma missa” (Paris vaut bien une messe).

O casamento com a católica Margarida de Valois foi o primeiro passo para se tornar um dos reis mais amados e reconhecidos de toda a Europa. A conversão ao catolicismo se mostrou, na verdade, uma estratégia política de sucesso para conquista e manutenção do poder, pois o coração e as ações do “Rei bom” continuavam no propósito de pacificar a França e valorizar o poder huguenote.
Vendo o Massacre dos seus aliados protestantes da Noite de São Bartolomeu, ocorrido no dia 24 de agosto de 1572 por ocasião do Seu casamento com a católica Margarida de Valois, Henrique IV se empenhou em pacificar o reino gaulês, carcomido pelas guerras de religião que traziam morte e impediam o progresso da França.

Foi esse Rei protestante, de vida simples – que quando nasceu, mesmo de origem nobre, tinha como berço um casco de tartaruga gigante –, que publicou em 1598 o Édito de Nantes, que definiu os direitos dos protestantes e, com isto, restaurou a paz interna na França. Pacificado reino, restava a missão de expandir e conquistar. Foi com esse intuito que Ele, em 1609, enviou o fidalgo huguenote Daniel de la Touche de la Ravardière para fazer os levantamentos para o estabelecimento de uma Nova França nas terras do Brasil, com sede na Upaon-Açu, que significa Ilha Grande, na língua tupi. Um ano antes, La Touche foi procurado pelo seu amigo e vizinho, o navegador Charles Des Vaux, que já habitava o Maranhão desde o final dos anos mil e quinhentos. Des Vaux fez a propaganda das férteis e abandonadas terras brasileiras, já conhecida em parte por La Touche. Este procurou o seu padrinho, confessor e papa dos huguenotes, Felipe Duplessis Mornay, governador de Saumur, que era amigo e conselheiro do rei Henrique de Navarra. Assim, estava feita a propaganda da parte norte do Brasil. Em 1609, o Monarca, sem perda de tempo, enviou Daniel de La Touche para os preparativos de uma colônia naquelas terras, com predominância de protestantes huguenotes.

Ao voltar para a França em 1610, La Touche foi surpreendido com a triste notícia do assassinato do seu rei, que tombou sob o punhal do fanático católico François de Ravaillac. O regicídio representou o adiamento e modificações dos propósitos de Daniel de la Touche de La Ravardière, que convidou católicos de peso para a concretização do sonho do Rei morto. Mesmo com toda a insistência da Espanha em querer prejudicar o projeto, a expedição foi realizada com sucesso. E mesmo sendo vencida pouco tempo depois pelas armas ibéricas, até hoje é considerada como uma empreitada vitoriosa, por ter sido um ajuntamento de gente com bons propósitos de evangelizar e construir uma colônia fundada na paz e no respeito mútuo. Outro mérito foi conseguir reunir em um mesmo espaço católicos, protestantes e tupinambás, todos sob as ordens da flor-de-lis francesa. Uma conhecida frase do escritor, especialista em História do Brasil e conservador da Biblioteca Santa Genoveva, em Paris, Ferdinand Denis (1798 – 1890), resume bem a convivência na França Equinocial: “Não existiu naquele século (XVII) uma relação mais leal e desinteressada entre católicos e protestantes”.

É por isso que, decorridos mais de quatro séculos do assassinato de Henrique IV, ocorrido no dia 14 de maio de 1610, a popularidade dele continua intacta. Ele foi o rei da paz e da reconciliação da França e quem lançou a semente para uma das maiores e mais belas cidades do Brasil, que é a capital do Maranhão, que conserva o nome do seu filho, Luís XIII (1601 – 1643) e do rei Santo, Luís IX (1214 – 1270).

Uma parte desta história está à disposição do público na Casa Huguenote Daniel de la Touche e na Exposição França Equinocial, em cartaz no Forte de Santo Antonio, na Ponta da Areia em São Luís.

Este texto é uma homenagem a todos os maranhenses, brasileiros e franceses, especialmente ao público evangélico e simpatizantes.

Viva Henrique IV, viva Daniel de la Touche e Viva São Luís!

*Escritor, curador da Exposição França Equinocial, membro da Academia de Letras de São Luís e do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão