Movimento estudantil e lideranças políticas na luta pelo passe livre

Nesta terça- feira (17) a Praça Deodoro foi palco de uma manifestação, com lideranças políticas e movimentos estudantis, a favor do passe livre estudantil, direito que será votado em plebiscito, dia 6 de outubro, junto das eleições. O momento serviu para alertar toda a população de que vai acontecer essa votação, que garante o passe livre na capital, um benefício que irá ajudar estudantes, que muitas vezes deixam de ir à escola ou universidade por conta da falta de condições para pagar a passagem de ônibus.

“Eu considero importante e necessário esse passe livre porque, eu como professora da UFMA tenho essa clareza dessa necessidade, porque eu sei como é duro ouvir de um aluno ou de uma aluna: professora eu não tenho como ir a aula hoje porque eu não tenho como pagar a passagem”, destacou a professora Mary Ferreira.

Os estudantes presentes na manifestação falaram da importância de criar politicas públicas para a juventude poder ter mais oportunidades, principalmente de acesso à educação.

“Esse movimento que está acontecendo aqui hoje representa pra mim e acredito pra muitos outros estudantes, uma politica pública de juventude eficaz , pra que a gente como estudante da rede pública de ensino, possa ter oportunidade e acesso a educação básica de qualidade”, enfatizou o vice presidente da União Brasileira de Estudantes Secundaristas(UBes) , Viny.

O movimento levantou diversas inquietações dos jovens, que em sua maioria estudam em escolas públicas e precisam de incentivo para continuar na sala de aula.

“Tomamos mais uma vez as ruas dessa cidade, as universidades, as escolas, pra dizer que nós queremos gratuidade total da passagem, pois continuamos sendo aquela juventude que não tem renda própria, aquela juventude que não é oportunizada para ter emprego, aquela juventude que se for feito o corte de classe e raça, que é colocado à margem da cidade”, ressaltou em seu discurso a coordenadora nacional do Coletivo Juntos, Patricia Pinto.

O momento também serviu para comemorar os 45 anos da conquista do direito a meia passagem, que foi conquistado graças a luta do movimento estudantil.

“Essa luta pelo passe livre é uma luta histórica, inclusive no dia de hoje para além de estamos falando do passe livre nos estamos comemorando 45 anos da meia passagem aqui em São Luís do Maranhão, foi uma luta dos estudantes, do movimento social e novamente depois de 45 anos a gente luta pra que o passe livre seja implementado na capital , que pra gente é tão importante”, afirmou a diretora da União Nacional dos Estudantes (UNE), Paula Coutinho.

Por que eleger mulheres em São Luís?

Eleger mulheres para a câmara de vereadores de São Luís é de suma importância. Hoje dos 31 vereadores somente 5 são mulheres, isso demonstra o quanto as mulheres são sub representadas na política local. Ao longo de 75 anos passaram pelo legislativo municipal somente 23 mulheres.

Ao refletir sobre a representação feminina em São Luís, apresentamos, inicialmente, dados de estudo publicado, em 2019, com o resultado de pesquisa Protagonismo Político de Mulheres no Maranhão. Os dados revelaram que, nas eleições de 2016, um total de 190 mulheres, ou seja, 30% dos candidatos, concorreram a uma das 31 vagas de vereadores na Câmara Municipal de São Luís, contra 437 homens, que corresponderam aos 70% restantes. Os dados apresentados esclarecem que a desigualdade de gênero na política começa desde o recrutamento, tendo em vista o número de apenas 30% de candidaturas femininas.

A Cidade de São Luís é marcada por mulheres que fizeram história e deixaram grandes contribuições: Maria Firmina dos Reis, mulher preta que foi escritora e considerada a primeira romancista brasileira; Ana Joaquina Jansen Pereira, uma das maiores produtoras de algodão e cana-de-açúcar do Império, que se destacou por ser uma mulher envolvida na política, embora pese sobre essa mulher muitas histórias relacionadas ao período da escravidão; Catarina Rosa Pereira de Jesus, conhecida como Catarina Mina, preta escrava que se destaca no Maranhão, em virtude de ter sido liberta pelos seus próprios esforços como comerciante e que, graças às suas vendas, conseguiu comprar sua alforria e de muitos de seus amigos. Outra mulher de grande destaque no cenário político do século XX foi Maria José Camargo Aragão, médica e professora que fez história como líder do Partido Comunista do Brasil, tornando-se referência de mulher preta e feminista.

 

Maria Aragão

Na história política de São Luís, não se pode deixar de registrar e destacar mulheres expressivas como Lia Varela, que assumiu interinamente o cargo de prefeita de São Luís em 1978, sendo também a única vereadora a assumir o cargo de presidente da Câmara de São Luís; e Gardênia Ribeiro Gonçalves, eleita em 1985, em pleno regime militar, sob forte oposição da família Sarney, em virtude de o seu marido João Castelo, ex-governador do Maranhão, ter rompido com a oligarquia dos Sarney.

Lia Varela

Gardênia Ribeiro Gonçalves

Segundo dados levantados nos arquivos da Câmara Municipal de São Luís, embora as mulheres brasileiras tenham obtido o direito de votar em 1932, ela só passam a fazer parte da casa legislativa de São Luís 19 anos depois, em 1951, com a eleição de Maria de Lourdes Diniz Machado.

Quando se analisa a atual legislatura e atuação das vereadoras, observa-se certo distanciamento da ação política das mesmas, com as questões de gênero, ou melhor dizendo: com as bandeiras defendidas pelas mulheres, à exceção da vereadora Silvana Noeli e das covereadoras Raimunda Oliveira, Flávia Almeida e Eunice Chê, que foram diligentes e presentes em todo o processo que envolveu a cassação do vereador Domingos Paz, acusado de estupro de vulnerável e assédio sexual.
O processo, que envolveu a cassação do supracitado vereador, mobilizou durante quase dois anos os movimentos feministas e de mulheres.

Em todo o processo, a maioria das vereadoras eleitas foram omissas, demonstrando que as pautas que dizem respeito às mulheres não lhes dizem respeito. Esse fato revoltou os movimentos feministas e outras organizações solidárias aos movimentos, que passaram a questionar: é importante eleger mulheres?
Sim, nós afirmamos que sim, é importante; mas não se pode perder de vista que, na luta por direitos, igualdade e justiça, a questão de classe, de gênero e étnico racial são determinantes. Fica, portanto, a pergunta: quem de fato essas mulheres e homens eleitos vereadoras e vereadores de São Luís representam?

Este texto é parte das reflexões que estarão publicadas no livro DEMOCRACIA, GÊNERO E SUB-REPRESENTAÇÃO: por que tem sido tão difícil as mulheres alcançarem os espaços de poder? A ser lançado ainda este ano, pela professora Mary Ferreira.

Mary Ferreira participa de plenária junto com candidatas de diversos partidos da base de Duarte Jr.

A reunião aconteceu na sexta- feira(6), no Espaço Orienta, bairro Renascença, com o objetivo de reafirmar a candidatura de mulheres que estão na corrida por uma vaga no legislativo municipal de São Luís.

Mais de 15 candidatas estiveram à frente desse movimento, reforçando a importância de ter mais mulheres ocupando espaços de poder na sociedade.

“Pra mim é extremamente importante as candidaturas femininas, essas eleições pra gente são muito importantes, é importante encher a câmara municipal só de mulheres, porque as mulheres tem um potencial muito grande de gestar a cidade”, afirmou a candidata a vice prefeitura de São Luís, Creuzamar.

Hoje a câmara de vereadores conta com 5 mulheres, o que é pouco perto das 31 vagas. Na história do Brasil as mulheres só tiveram direito ao voto em 1934, isso é um dos fatores que demonstram o atraso da participação feminina na vida política.

“Talvez vocês não saibam, mas nós só conseguimos ser vereadoras em São Luís em 1959, a primeira eleição em que nós fomos permitidas votar foi em 1934, só em 1959 elegemos a primeira vereadora e de 1959 pra cá, ou seja, a quase 80 anos, a gente vai percebendo que nos anos 50, 60, 70 e 80 do século XX nós praticamente elegemos apenas uma mulher em cada legislatura”, explicou a candidata Mary Ferreira.

Isso somente reforça o quanto é necessário que lideranças femininas consigam se eleger este ano, para que haja paridade e que as suas pautas sejam ouvidas e atendidas.

“É importante a presença feminina não apenas nas candidaturas, mas vencendo as eleições, pra que a gente possa ter a visão da mulher, a vivência da mulher, sobre os problemas de nossa cidade, por mais vagas nas creches, que quando faltam faz com que as mulheres saiam do mercado de trabalho”, destacou o candidato a prefeito de São Luís, Duarte Jr.

Mary Ferreira é doutora e pesquisadora da UFMA, participou do projeto de criação da Secretaria de Estado da Mulher, da Delegacia da Mulher em São Luís e do Conselho Estadual da Mulher. Foi Secretária Adjunta de Cultura, Diretora da Biblioteca Pública Benedito Leite e do Arquivo Municipal de São Luís. Tem trabalhando durante toda a sua vida por políticas de cultura que garantam a todos os Ludovicenses o acesso ao livro, a leitura e à informação.

Mary Ferreira, uma mulher de luta, na disputa para a Câmara de vereadores de São Luis

Quem acompanha a história de Mary Ferreira sabe que desde a década de 70 ela está inserida nos movimentos feministas aqui do Maranhão. Foi uma das líderes que comandou, durante dois anos, as articulações que culminaram na cassação do mandato do vereador Domingos Paz, no dia 9 de agosto de 2024. Ele é suspeito de ter praticado crimes sexuais contra diversas mulheres. A cassação de Domingos foi um fato histórico que demonstrou a força do movimento feminista em São Luís.
Durante toda a sua jornada, como militante do Partido dos Trabalhadores, Mary sempre esteve contribuindo para que politicas públicas fossem implementadas pelo governo Lula e Dilma.

Ao longo de sua trajetória participou da elaboração do projeto que criou o Conselho Estadual da Mulher e a Secretaria de Estado da Mulher, entre tantas outras conquistas fruto da sua luta no movimento de mulheres.
A Câmara de São Luís vive um momento de carência de debates que mobilizem a cidade, Mary se coloca como candidata para reforçar a discussão em torno da questão ambiental, das políticas de cultura, de educação e de saúde, em especial a saúde da mulher, reforçando a implantação de políticas de igualdade de gênero e étnico racial.

Sua candidatura a vereadora pelo PT é uma forma de politizar o debate partidário e fortalecer as bandeiras defendidas pelo partido ao longo destas últimas quatro décadas. Reafirmando a importância de ter mais mulheres em espaços de poder e principalmente na política, onde são sub- representadas.
Mary Ferreira é mestra em políticas públicas, doutora em sociologia e pós doutora em Comunicação e Informação, acumula vários títulos de reconhecimento por sua contribuição para igualdade de gênero, recebeu prêmio Bertha Lutz e tem diversos livros lançados. Sua contribuição para a discussão de políticas de igualdade de gênero no Maranhão é incalculável.
Em sua campanha para vereadora ela segue nas ruas conversando com a população, falando de suas propostas e conquistando os eleitores a votarem em uma mulher de luta, para ocupar uma cadeira na Câmara de Vereadores, conta com o apoio da Candidata a Vice Prefeitura de São Luís, Creuzamar.