STF mantém decisão que barrou emendas de vereadores à LDO de SLZ

O ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu manter, nesta quarta-feira, 3, uma liminar do desembargador Marcelo Carvalho, do Tribunal de Justiça do Maranhão (TJMA), suspendendo emendas de vereadores à Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de São Luís.

Os parlamentares alegavam aguardar essa decisão para dar continuidade à apreciação da Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2024, que segue travada na Comissão de Orçamento da Câmara de São Luís

“Estamos aguardando também um posicionamento do judiciário, uma vez que a Câmara de São Luís recorreu dessa decisão do Tribunal de Justiça do Maranhão”, declarou, ontem, o vereador Marquinhos Silva (PSC), relatora do projeto de lei do Orçamento.

As emendas haviam sido vetadas pelo prefeito Eduardo Braide (PSD), mas o vetos foram derrubados pela Câmara, o que levou a Procuradoria-Geral do Município (PGM) a recorrer à Justiça, alegando que a votação para a derrubada se deu por meio de votação simbólica, “inexistente a comprovação de voto da maioria absoluta dos parlamentares, logo, em
flagrante violação ao artigo 66, § 4o, da Constituição Federal e das normas do Regimento Interno do próprio órgão local”. O argumento foi aceito pelo TJ.

“Quanto à inconstitucionalidade material, a Corte de origem considerou que as emendas propostas pela casa legislativa e suspensas na decisão objeto desta suspensão de liminar desvirtuam a natureza da LDO e a torna incompatível com a LOA e o PPA. Ademais, enfatiza que, aparentemente, criou-se despesa sem a devida fonte de custeio”, destacou Fachin em seu despacho.

Com a decisão, espera-se que, agora, o impasse sobre o Orçamento municipal seja resolvdio. Elaborada pelo Poder Executivo, a previsão de receita líquida da LOA para a execução de políticas públicas do próximo ano é de R$ 4,7 bilhões, sendo que R$ 3,3 bilhões são transferências correntes; R$ 1,2 bilhões são receitas de impostos e taxas e R$ 53,8 milhões são operações de créditos.

Braide libera R$ 9,3 milhões em emendas de vereadores na virada do ano

O gestão Eduardo Braide (PSD) divulgou no Dário Oficial do Município (DOM) uma série de convênios e termos de fomento liberando recursos para entidades indicadas por vereadores da capital.

Os atos, assinados pelo secretário de Saúde de São Luís, Joel Nunes Júnior, foram tornados públicos na virada do ano, dia 31 de dezembro de 2023, em edição extra do DOM. No total, foram liberados R$ 9,3 milhões (baixe aqui a lista completa).

Entre as beneficiárias dos recursos, entidades indicadas pelos parlamentares, como o Instituto Ideal, que receberá R$ 553 mil para bancar o projeto “Saúde em Movimento”.

Há, ainda, um desembolso de R$ 736 mil para o Instituto Vida e Saúde Brasil, responsável pelo projeto “São Luís Mais Sorridente II”.

Nesta leva de liberação, o maio beneficiário foi o Instituto Bem Estar (IBE), que garantiu R$ 1.106.652,10 para o projeto “Saúde Bem Estar IV 2024”.

Orçamento

Ainda no mês de novembro do ano passado, a liberação de emendas foi motivo de críticas de vereadores à gestão municipal.

Em discurso na tribuna, o vereador Marquinhos Silva (PSC) reclamou do não pagamento de emenda que seria destinada a uma ação na área de saúde no bairro no Turu. Segundo o parlamentar, a entidade para a qual ele direcionou o recurso tem 18 especialidades médicas, mas parou há três semanas por falta de dinheiro.

“Ele [prefeito Eduardo Braide] não libera o recurso e nós estamos entrando para o quarto mês com os nosso 59 colaboradores com o salário atrasado. E estamos há 22 dias com os nossos serviços parados”, disse.

A entidade citada pelo vereador é o Instituto Viva Bem Mais, que teve liberados R$ 175,9 mil antes da virada.

Apostilamento

Na mesma edição do Diário Oficial, a Secretaria Municipal de Saúde (Semus) confirmou o apostilamento de um segundo termo de fomento em favor do Instituto Viva Bem Mais.

No total, a entidade receberá mais R$ 1.106.580,00. O documento não especifica o objeto do convênio, nem qual era o valor anterior.

Lula veta calendário de emendas parlamentares

O presidente Lula vetou, nesta terça-feira (2), o cronograma definido pelo Congresso Nacional para o pagamento das emendas parlamentares. O veto consta na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2024, que foi sancionada neste primeiro dia útil do ano. O veto de Lula será analisado pelo Congresso Nacional, que pode acatar ou não a decisão do presidente da República.

A decisão de Lula deve gerar uma nova crise entre o governo e o Congresso Nacional, uma vez que o calendário instituído pelo Congresso tinha o objetivo de aumentar o poder do parlamento sobre os gastos e, com isso, diminuir a barganha para liberar o dinheiro na véspera de votações importantes. A medida foi publicada na edição do Diário Oficial da União desta terça-feira (2) e manteve o déficit fiscal zero, em uma vitória do ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

O texto aprovado pelo Congresso previa a destinação de R$ 48 bilhões para o pagamento de emendas parlamentares, sendo R$ 37 bilhões de natureza impositiva. A destinação elevada de recursos para emendas já era uma tendência antiga entre relatores da LDO. A grande mudança é que, desta vez, o governo perde o controle sobre o momento da liberação dessa verba, devendo desta vez cumprir um cronograma prazo de 105 dias para execução das emendas individuais e 90 dias para as emendas de bancada. (Congresso em Foco)