Braide evita falar sobre disputa judicial contra a Câmara de Vereadores

O prefeito Eduardo Braide (PSD) tem evitado se manifestar publicamente a respeito da disputa judicial que a Prefeitura de São Luís tem travado contra a Câmara de Vereadores, sobre orçamento do município para o exercício financeiro deste ano.

Na última segunda-feira o Tribunal de Justiça acatou um pedido da Prefeitura e determinou a suspensão de uma sessão extraordinária que seria realizada na terça-feira, para a apreciação da Lei Orçamentária Anual (LOA), que dispõe sobre a movimentação de R$ 4,7 bilhões em 2024 na capital.

O pedido ocorre depois de a Câmara ter cancelado a sessão que aprovou a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) em novembro de 2023 e ter aprovado novamente a peça, na semana passada em sessão extraordinária.

Polêmica

No centro do debate entre Prefeitura e Câmara está uma emenda apresentada a essa LDO de 2024 obrigando o Executivo a solicitar autorização da Câmara de Vereadores para a abertura de créditos suplementares às pastas e órgãos municipais.

Pela redação original do projeto, o prefeito poderia abrir créditos dessa natureza, sem qualquer necessidade de aval legislativo, até o limite de 25% do que fora inicialmente apontado no Orçamento.

A emenda, no entanto, exigia autorização para qualquer valor, mas foi vetada por Braide. O veto, então, foi derrubado pelos vereadores – mas de forma irregular, segundo o que aponta a Prefeitura, porque a votação precisaria ser nominal, não simbólica, como ocorreu ainda em 2023.

Foi para tentar corrigir esse erro que os parlamentares anularam a sessão inicial, e reapreciaram a LDO na semana passada.

Braide,apesar de criticado pelos parlamentares por suposta falta de diálogo e de respeito à relação entre os Poderes, tem evitado expor comentários públicos sobre o tema.

A crise entre a Prefeitura e a Câmara, por outro lado, continua.

Não há previsão até o momento para nova data de apreciação do orçamento 2024.

Fonte: Imirante

Artigo | O processo orçamentário brasileiro em 2023 – Por Cursino Moreira

O espírito de mudanças que permeou a elaboração da Constituição Federal de 1988 também alcançou a organização do sistema orçamentário brasileiro. Ele criou as bases para um MODELO DE ORÇAMENTO INTEGRADO AO PLANEJAMENTO DAS AÇÕES DE GOVERNO. Trata-se, rigorosamente, de um MODELO DE PLANEJAMENTO INTEGRADO, unindo Planos e seus Orçamentos de execução.  Na prática, tal aconteceria através da implantação de três novos instrumentos legais, articulados entre si, a saber: O PLANO PLURIANUAL -PPA-, documento no qual se estrutura o planejamento de médio prazo para o país, estados ou municípios, contendo os programas e ações  definidos para cada período de governo e elaborado no primeiro ano do mandato do governante;  a LEI DE DIRETRIZES ORÇAMENTÁRIAS-LDO-, destinada a definir, ANUALMENTE,  metas e prioridades da administração, incluindo as despesas de capital, e a fornecer orientações  para a elaboração do terceiro instrumento do modelo, a LEI ORÇAMENTÁRIA ANUAL-LOA. A LOA se refere ao exercício seguinte da sua preparação, com base no conteúdo do PPA, sendo deste modo a ferramenta de execução do plano plurianual. A Constituição de 1988 também restabeleceu a competência de o Congresso Nacional aprovar emendas ao orçamento, prerrogativa que havia perdido durante o Regime Militar de 1964, quando só podia manifestar-se pela aprovação ou rejeição total da proposta orçamentária anual.

Cabe ao Poder Executivo a responsabilidade pela elaboração e encaminhamento ao Congresso, para apreciação e votação, dos respectivos projetos destes instrumentos, segundo regras, procedimentos e sobretudo PRAZOS bem definidos. O projeto da LDO, por exemplo, deve ser enviado ao Congresso Nacional até o dia 15 de abril de cada ano e aprovado até 17 de julho. Caso isto não aconteça, o Legislativo não poderá entrar em recesso. É com a LDO aprovada que o Executivo pode de forma segura e baseado no PPA, propor a LOA, o instrumento de trabalho do dia a dia da administração pública, que vai, ano a ano, dando concretitude ao que o planejamento de médio prazo, expresso no PPA, concebeu.

Trata-se, pois, de um modelo integrado, com suas peças desfrutando de igual importância, cujo sucesso depende do êxito de cada uma.  Por outro lado, é claro que existem, ao lado desta robusta concepção técnica do modelo, dimensões políticas legítimas no seu funcionamento, de que o restabelecimento ao parlamento do poder de propor emendas aos respetivos projetos dá notícias. Diferente disto, contudo, é a prática por parte dos congressistas do exercício de pressões ou até de chantagens contra o Executivo, no transcorrer do seu processo legislativo, por interesses particulares, partidários ou corporativos. Do mesmo modo, trata-se de posição inaceitável a postura do Executivo em valer-se de circunstâncias ligadas a este processo para a obtenção de aprovações de iniciativas encaminhadas a votação das casas congressuais. Mas, no ano de 2023, embora não tenha nele começado, o que se viu foi exatamente tudo o que não poderia nem deveria acontecer nesta matéria.

A imprensa nacional divulgou fartamente a prática de uma tramitação legislativa dos instrumentos do processo orçamentário e de planejamento relativo ao ano de 2024 em total desalinhamento com a concepção oriunda da Constituição Federal de 1988. A começar pelo cumprimento dos prazos, por parte do Poder Legislativo. Para tanto, basta dizer que a LDO, regra da elaboração do Projeto de Lei do Orçamento, cujo prazo para votação estava previsto para 17 de julho, só foi votada no final do mês de dezembro. Isto significa, então, que o Projeto de Lei do Orçamento para 2024 foi elaborado sem as regras de preparo previstas na própria Constituição Federal. Como consequência, o próprio Orçamento para o ano que ora se inicia também só se tornou objeto de deliberação dos parlamentares após a aprovação da LDO, o que significa dizer que praticamente já sob os fogos que saudavam a chegada de 2024. E quem dá notícias da elaboração, discussão e votação do PPA para o período 2024-2027?

Todo esse caótico cenário tornou-se bastante favorável à edição de um Orçamento no qual os representantes do povo brasileiro fizeram constar uma dotação orçamentária de R$ 4,9 bilhões para as eleições municipais de 2024, montante que supera a verba destinada para a mesma finalidade em 2020 em 96%. Para as emendas deles próprios, destinaram um montante recorde de R$ 53bilhoes, dos quais R$25 bilhões destinam-se a emendas individuais, R$11,3 bilhões para as emendas de bancadas e R$ 16,9 bilhões para as de comissões temáticas. Vale lembrar que os dois primeiros tipos são de pagamento impositivo. Nesse sentido, os congressistas tiveram a preocupação de também estabelecerem um cronograma de empenho destes recursos a ser cumprido no primeiro semestre, assim garantindo a influência da aplicação destas verbas nos pleitos municipais deste ano.

Muitos serão os efeitos negativos destas deliberações, destacando-se dentre eles os cortes de recursos nos projetos do PAC, a ameaça de descumprimento da meta de déficit primário zero em 2024 e a forte possibilidade de cortes de verbas e de bloqueios de recursos em vários ministérios ao longo deste ano. Por outro lado, ficou mais uma vez demonstrada a fragilidade política do Executivo ante um Legislativo bastante protagonista, com todas as anomalias daí derivadas. Certamente não fez parte do pensamento do constituinte de 1988 tal distorção no modelo do processo orçamentário que criou.

 

 

Paulo Victor convoca sessão extraordinária para apreciar o Orçamento 2024

O presidente da Câmara Municipal de São Luís, vereador Paulo Victor (PSDB), convocou para a próxima sexta-feira (12) uma sessão extraordinária para a apreciação do Orçamento 2024 da capital.

Em recesso parlamentar desde o fim de dezembro, os vereadores da capital ainda não votaram o Projeto de Lei 220/2023, que trata da Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2024, com estimativa de orçamento de R$ 4,7 bilhões para o Executivo.

Diante de um imbróglio e disputa judicial entre a Câmara e o governo Eduardo Braide (PSD), os parlamentares avaliam a possibilidade de anular a sessão que aprovou a LDO, em outubro do ano passado, para reavaliar a peça. Paulo Victor conversar com líderes de partidos para alinhar de que forma ocorrerá a deliberação do orçamento.

Imbróglio

Na última semana de dezembro de 2023, em entrevista exclusiva ao programa Panorama, da rádio Mirante AM, o presidente da Comissão de Orçamento e Planejamento da Câmara Municipal de São Luís, vereador Raimundo Penha (PDT), detalhou o imbróglio na tramitação da LOA.

Penha explicou que parte da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), aprovada em outubro de 2023 pela Casa, com emendas modificativas, foi suspensa liminarmente pela Justiça depois de o prefeito ter ingressado com ação.

A suspensão judicial do dispositivo, segundo Penha, foi o primeiro entrave, uma vez que, se a LOA for aprovada com base na LDO – que está parcialmente suspensa -, não há certeza quanto a sua efetivação integral para o exercício financeiro.
Penha disse que havia no processo uma insegurança jurídica, uma vez que a liminar ainda seria apreciada pelo Judiciário, podendo ou não impactar no orçamento 2024.

STF

No fim de semana o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin, negou uma liminar ingressada pela Procuradoria da Câmara – contra decisão do Tribunal de Justiça do Maranhão -, e impôs nova derrota para a Casa diante o prefeito Eduardo Braide.

Com isso, os vetos de Braide à LDO foram mantidos, e os vereadores agora articulam a apreciação da peça em sessão extraordinária. Não há, até o momento, expectativa de diálogo entre o Parlamento e o Poder Executivo, numa crise que se agrava.

A sessão deverá ocorrer às 9h da manhã de sexta-feira.

Assembleia aprova Orçamento 2024 de mais de R$ 29 bilhões para o MA


A Assembleia Legislativa do Maranhão aprovou, na sessão plenária desta quarta-feira (13), o Projeto de Lei 600/2023, de inciativa do Poder Executivo, referente ao Plano Plurianual (PPA) para o quadriênio 2024/2027 e o Projeto de Lei 601/2023 (Lei Orçamentária Anual – LOA), que estima a receita e fixa a despesa para o exercício financeiro de 2024.

Para 2024 o orçamento estimado do estado é de R$ 29,1 bilhões e inclui 32 projetos prioritários escolhidos pela população do estado.

Tramitação de Orçamento de R$ 4,7 bilhões começa na próxima semana em São Luís


Começa na próxima semana a tramitação do Projeto de Lei 220/2023, do Poder Executivo, que dispõe sobre a Lei Orçamentária Anual (LOA) para o exercício financeiro 2024 na Câmara Municipal de São Luís. Um cronograma de trabalho foi divulgado nesta quarta-feira pela Comissão de Orçamento, Finanças, Planejamento e Patrimônio Municipal da Casa.

O primeiro compromisso dos vereadores em relação à tramitação da peça é uma audiência pública, marcada para o dia 11.

Conforme a Mensagem nº 10/2023, anexada ao projeto em tramitação, a matéria enviada pelo prefeito Eduardo Braide (PSD) estima para a execução de políticas públicas do próximo ano, um orçamento de R$ 4,7 bilhões, sendo que R$ 3,3 bilhões são transferências correntes; R$ 1,2 bilhões são receitas de impostos e taxas e R$ 53,8 milhões são operações de créditos.

Audiência

O presidente da COFPPM, vereador Raimundo Penha (PDT) afirmou, em ofício encaminhado aos secretários de Fazenda, José Azzolin; e de Planejamento, Simão Cirineu, que a audiência pública tem por objetivo aprimorar a destinação de recursos em prol dos interesses socioeconômicos da capital maranhense.

“O encontro é fundamental para enriquecer o debate e contribuir para a construção de um orçamento que atenda de maneira eficiente às demandas e necessidades da nossa comunidade. Ressaltamos a importância deste momento democrático, no qual a transparência e a participação da sociedade são elementos-chave na construção de políticas públicas mais eficazes”, concluiu.

Após a audiência, o colegiado abre prazo para recebimento das emendas propostas pelos vereadores. Em seguida, o grupo aprecia as sugestões apresentadas e conclui o relatório final da LOA com sua disponibilização para votação em plenário.

A proposta foi encaminhada à COFPPM na sessão ordinária do dia 28 de novembro, depois de sua leitura em plenário. Após apreciação da comissão responsável, o texto deverá entrar na pauta para apreciação dos vereadores.

Caso seja aprovada, segue para a sanção do prefeito para virar lei. Se for vetada, a proposição retorna para a Câmara dar a palavra final – se mantém o veto ou promulga a lei.

Prefeitura condiciona liberação de emenda a votação da LOA e vereadores criam CPI


Um diálogo errado levou a criação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Câmara Municipal de São Luís contra o prefeito Eduardo Braide (PSD). Já havia o indicativo para fazer uma investigação, mas esta poderia não se concretizar.

No entanto, o secretário municipal de Articulação Política de Braide, Márcio Andrade, deixou a situação delicada demais. Ao conversar de “pé de ouvido” com os vereadores, o responsável pela articulação do prefeito quis condicionar a liberação de emendas à aprovação do texto original da Lei Orçamentária Anual de 2024.

Esta prática, por sinal, ocorre desde o primeiro ano de gestão de Eduardo Braide. Mas desta vez, a Casa sob o comando do vereador Paulo Victor (PSDB) a LOA vai tramitar e será votada até dia 20 mesmo com a pressão da Prefeitura.

E como resposta a esta pressão, 21 vereadores decidiram assinar a criação da CPI para investigar contratos emergenciais da gestão de Eduardo Braide.

A CPI dos contratos sem licitação já foi lida em plenário e teve o parecer favorável da Procuradoria da Câmara. O próximo passo é a publicação em Diário Oficial deixando livre para a instalação da comissão de investigação.

Esta instalação, no entanto, deverá acontecer somente em 2024 porque o recesso está chegando.

Quando for instalada, cinco membros titulares serão escolhidos. Destes, já existe a previsão para a escolha do presidente, vice-presidente e relator. O primeiro deve ser Marcial Lima (Pode), Pavão Filho do PDT deve ser o vice e Marquinhos Silva (União) fica com a relatoria. Todos são de oposição a Braide.

De aliado do prefeito deverá ter somente Francisco Chaguinhas (Pode).

O fato é que a CPI dos contratos emergenciais deve deixar a relação da Prefeitura com o parlamento mais ácida ainda principalmente porque os vereadores prometem que as investigações abalará as estruturas da Prefeitura de São Luís.

Depoimentos previstos

Assim que começarem os trabalhos, a CPI dos contratos emergenciais já tem previsão de depoimentos.

Logo nos primeiros dias, requerimentos chamando empresários que têm e tiveram contrato com a gestão de Eduardo Braide serão apresentados.

A ideia é detalhar de que foram se deu a contratação, quais os valores, os serviços e o andamento de cada obra. Os contratos da Secretaria Municipal de Obras (Semosp) são os alvos principais.