A Polícia Federal investiga Willian Barille, apontado como líder de uma rede de tráfico internacional de drogas e conhecido como o “concierge do PCC”, por suposta atuação como facilitador das operações do Primeiro Comando da Capital (PCC). Segundo as apurações reveladas em reportagem do Fantástico neste domingo, 23, ele mantinha conexões com a máfia italiana, movimentando cerca de R$ 2 bilhões no sistema financeiro brasileiro.
Uma das principais provas reunidas contra Barille envolve o uso de aviões particulares para transportar grandes quantidades de cocaína para a Europa. Em uma das operações monitoradas pela Polícia Federal, uma aeronave partiu de São Luís, no Maranhão, com destino a Bruxelas, na Bélgica, carregando quase uma tonelada da droga. Mensagens interceptadas entre os envolvidos revelaram que o piloto relatou dificuldades na decolagem devido ao peso da carga.
Desde 2020, a PF e o Ministério Público acompanham as atividades da organização criminosa, com apoio de autoridades italianas. Durante as investigações, os agentes tiveram acesso a conversas secretas entre os traficantes por meio de um aplicativo criptografado chamado SKYECC, usado exclusivamente para comunicações sigilosas.
Barille era considerado um dos principais operadores financeiros do PCC, sendo dono de nove empresas que, segundo as autoridades, serviam para a lavagem de dinheiro. Ele mantinha sociedade com Edmilson de Meneses, conhecido como “Grilo”, integrante da facção que morreu em 2023. Juntos, os dois usavam o porto de Paranaguá, no Paraná, como ponto estratégico para o envio de drogas à Europa. Além disso, mensagens interceptadas indicam que Barille estaria envolvido em um plano para auxiliar na fuga de Gilberto Aparecido dos Santos, o “Fuminho”, considerado um dos principais aliados de Marcos Camacho, o “Marcola”, líder máximo do PCC.
Em dezembro de 2023, a Polícia Federal deflagrou uma operação com mandados de busca e apreensão em 31 endereços ligados ao acusado, incluindo uma mansão em um condomínio de luxo na Grande São Paulo e uma residência em Florianópolis. Barille permaneceu foragido por mais de um mês até que decidiu se entregar à Justiça, em janeiro deste ano.
A defesa do acusado nega todas as acusações, afirmando que ele jamais utilizou o aplicativo criptografado e que nunca esteve envolvido com tráfico de drogas. Enquanto aguarda julgamento, Barille permanece preso e à disposição da Justiça.